segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Símbolo do Rio de Janeiro: Boto-Cinza em extinção

Uma notícia da Folha de São Paulo (texto mais abaixo) é bem triste para os cariocas. Um dos símbolos de nossa cidade, o Boto-Cinza, também conhecido como golfinho de prata, e que está no brasão carioca pode estar completamente extinto no Rio até 2050.

Até os anos 60 eram milhares de botos nas águas da Baía de Guanabara, em 1995 apenas 80 e no fim do ano passado foram encontrados apenas 40! Os botos o canal central de navegação (entre a boca e o fundo da baía) e se concentram, de manhã, nas imediações da ilha de Paquetá, onde a navegação é reduzida. Mas a área está sobre risco já que o projeto do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) que está em construção em Itaguaí prevê a instalação de dutos de despejo de resíduos no local… sem contar outros fatores que podem ser vistos na matéria.

São séculos que nossa Baía é tratada como depósito de lixo sem nenhum dos governos estaduais pensarem nela. E o pior, agora perderemos um símbolo da cidade… e você acha que Cabral está preocupado?

Sobre os símbolos do brasão do Rio de Janeiro, são os seguintes

  • Coroa mural de cinco torres – símbolo de cidade capital
  • Ramo de louro – representando a vitória
  • Golfinhos de prata – simbolizando a cidade marítima
  • Esfera armilar manuelina, combinando com três setas que suplicaram São Sebastião, padroeiro da cidade, na cor ouro
  • Escuro português em campo azul – cor simbólica da lealdade
  • Ramo de carvalho – representando a força
  • Barrete frígio – símbolo do regime republicano

  • Fonte: Diário do Rio de Janeiro.

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    Texto de
    SERGIO TORRES da Folha de S.Paulo, no Rio.

    Presente no brasão da cidade do Rio, tal a quantidade que havia, o boto --chamado de golfinho pelos leigos-- tende a desaparecer da baía de Guanabara antes da metade do século.

    De uma população de alguns milhares há até 50 anos, só restaram 40, aponta monitoramento inédito do Laboratório Maqua (Mamíferos Aquáticos) da Faculdade de Oceanografia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

    Iniciado em 1995, o trabalho encontrou, três anos depois, 80 exemplares do animal nas águas da baía. No final de 2009, a quantidade havia se reduzido pela metade. Essa queda de 50% em pouco mais de dez anos faz com que os oceanógrafos já considerem residual a presença do boto na baía.

    Os dados do Maqua levaram os especialistas a concluir que, em 20 anos, mantido o atual estado de degradação, sobrarão três ou quatro botos em toda a baía. Dez anos depois, nenhum.

    Também conhecido como golfinho de prata, o boto-cinza está no brasão do Rio, em um par que representa, no desenho, a "cidade-marítima".

    Os mamíferos que restam na Guanabara costumam circular pelo canal central de navegação (entre a boca e o fundo da baía) e se concentram, de manhã, nas imediações da ilha de Paquetá, onde a navegação é reduzida.

    São os locais menos poluídos da baía. Até agora, porque o projeto do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) prevê a possibilidade de instalação de componentes industriais justamente na área frequentada pelos botos.

    Já em construção, o Comperj funcionará em Itaboraí (cidade da região metropolitana). O Maqua foi convidado pela Petrobras para avaliar o impacto na baía de dutos de despejo de resíduos do complexo industrial. A questão está sob análise.

    Os especialistas do Maqua são contra, por considerar que, por mais tratados que sejam os resíduos, não haverá como impedir algum tipo de poluição e a consequente contaminação das espécies animais por rejeitos químicos e orgânicos.

    Outro fator que preocupa é que, desde o ano passado, próximo a Paquetá, funciona um terminal de GNL (Gás Natural Liquefeito) e está em construção um de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), ambos da Petrobras. Mesmo com cuidados ambientais, as novas instalações são nocivas aos botos, pois resultam no aumento da navegação e em mais poluição industrial e sonora, fatores que afugentam os animais.

    O trabalho do Maqua conclui que a diminuição acelerada da quantidade de botos na baía resulta de três fatores: poluição orgânica e industrial, captura acidental em redes de pesca e perda de habitat. "Nenhuma população resiste a isso", disse à Folha o coordenador do Maqua, José Laílson Brito Júnior.


    Fonte: Folha de São Paulo.

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