sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Nanomateriais podem causar danos à saúde e ao meio ambiente (contém 3 matérias importantes)

Com os pesados investimentos sendo feitos no Primeiro Mundo em pesquisa em nanotecnologia, cientistas andam meio receosos de que as novidades nessa área estejam ocorrendo rápido demais. (...)

Nanotecnologia tem a ver com o controle da matéria na escala atômica ou molecular, lidando com minúsculas estruturas com tamanhos na ordem de um nanômetro, que equivale à milionésima parte do milímetro. Para ficar mais fácil visualizar a pequeninez dessa medida, se o globo terrestre tivesse um metro de diâmetro, uma bolinha de gude teria um nanômetro de diâmetro. Agora, imagine a complexidade tecnológica de desenvolver materiais e dispositivos em escala tão diminuta.
As aplicações da nanotecnologia incluem mecânica, eletrônica, cosméticos, medicamentos, alimentação, biologia, química, engenharia, robótica, física e por aí vai. (...)
Uma nanoestrutura bem famosa são os nanotubos de carbono, que em alguns casos são associados ao risco de câncer no pulmão e de mesotelioma, um tipo de câncer usualmente causado por inalação de amianto.
Descobriu-se também que nanopartículas de prata usadas no tecido de meias para reduzir odores desagradávels (leia-se chulé) são eliminadas na lavagem. Como são bacteriostáticas, essas nanopartículas podem destruir bactérias benignas importantes que têm a função de degradar matéria orgânica em usinas de processamento de lixo.
Além disso, um estudo da Universidade de Rochester, nos EUA, descobriu que nanopartículas inaladas por ratos ficaram alojadas no cérebro e no pulmão, elevando os biomarcadores indicativos de inflamação e estresse.
Há também incertezas quanto ao impacto ambiental causado por essas nanoestruturas, o que vem motivando a realização de análises que infelizmente são muito mais lentas do que a velocidade com que surgem as inovações nesse ramo de pesquisa.
De acordo com um relatório da empresa Lux Research (tinyurl.com/lux-research), as grandes corporações têm sido os maiores propulsores da comercialização de produtos nanotech, já tendo despendido mundialmente entre US$ 6,6 bilhões e US$ 13,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Só este ano a média de gastos das empresas americanas deve chegar a US$ 33 milhões em pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia. A expectativa é que esse total aumente para US$ 39 milhões em 2010. (...)
Na maioria dos países, a regulamentação ainda é vaga com relação ao uso de nanomateriais e procedimentos envolvendo nanotecnologia em laboratórios e locais de trabalho, e a questões de comercialização e uso de produtos químicos, produtos de consumo incorporando nanopartículas livres, produtos para uso na pele e nos cabelos, além de medicamentos e dispositivos médicos, entre outros materiais.

Fonte: O Globo, 01/12/2008.


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N.E.: Embora não exista em nenhum país uma regulamentação adequada para o uso de nanotematerias e pouquíssimo se tenha estudado sobre seus riscos, a tecnologia já está sendo usada por diversas indústrias e os consumidores já estão tendo contato com estes novos produtos inadvertidamente. No Boletim 418 divulgamos uma pesquisa realizada pela organização inglesa Which?, que escreveu para 67 empresas de cosméticos perguntando sobre o uso da tecnologia. A maioria das principais empresas do setor, incluindo a Nívea, Avon, L’Oréal, Unilever, Korres, The Body Shop, Boots e The Green People, declararam que usam nanotecnologia em seus filtros solares e produtos “anti-idade”.

Fonte: Portal do Meio Ambiente / Imprensa MST.


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Nanotecnologia oferece riscos à população ainda desconhecidos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/11/2006

A sociedade está sendo colocada em risco com a disseminação de materiais e equipamentos frutos da nanotecnologia devido a uma falta de entendimento claro de seus riscos. Esta é a conclusão de uma equipe de 14 importantes cientistas internacionais, apresentada em um artigo publicado na revista Nature.
O artigo, intitulado Manuseio Seguro da Nanotecnologia, identifica cinco grandes desafios que deverão ser vencidos para que a nanotecnologia possa alcançar todo o seu potencial.
"O espectro de danos possíveis - sejam reais ou imaginários - ameaçam frear o desenvolvimento da nanotecnologia, a menos que informações sólidas, independentes e confiáveis sejam desenvolvidas sobre quais são os riscos e como evitá-los," diz Andrew Maynard, um dos autores do artigo.
"Os medos sobre os possíveis perigos de algumas nanotecnologias podem ser exagerados, mas eles não são necessariamente infundados," diz o artigo. "Estudos recentes examinando a toxicidade de nanomateriais sintéticos em culturas celulares e em animais mostraram que o tamanho, a área superficial, a química superficial, a solubilidade e possivelmente o formato, todos desempenham um papel no potencial dos nanomateriais em causarem danos."
Segundo os pesquisadores, são cinco os grandes desafios que deverão ser vencidos para que a nanotecnologia possa ser totalmente desenvolvida sem apresentar riscos para a população. Esses desafios envolvem o desenvolvimento de:
  1. instrumentos para avaliar a exposição ambiental aos nanomateriais;
  2. métodos para avaliar a toxicidade dos nanomateriais;
  3. modelos para prever o impacto potencial de novos nanomateriais sintetizados;
  4. formas de avaliar o impacto dos nanomateriais ao longo de seu ciclo de vida;
  5. programas estratégicos para permitir pesquisas sobre os riscos da nanotecnologia.

Bibliografia: Safe Handling of Nanotechnology. Andrew D. Maynard, Robert J. Aitken, Tilman Butz, Vicki Colvin, Ken Donaldson, Günter Oberdörster, Martin A. Philbert, John Ryan, Anthony Seaton, Vicki Stone, Sally S. Tinkle, Lang Tran, Nigel J. Walker, David B. Warheit. Nature15 November 2006. DOI: 10.1038/444267a. http://www.nature.com/news/2006/061113/full/444267a.html

Fonte: Inovação Tecnológica

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