sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Energia Eólica - Avanços e Atrasos‏

Publicado por Luiz Prado em 05/12/2008.

O governo da Inglaterra deu, ontem, o sinal verde para a implantação da maior “fazenda de ventos” já construída em mar aberto no mundo. O novo projeto, situado a 15 quilômetros da costa do País de Gales, tem capacidade para suprir de energia cerca de 500.000 casas. Esse não é o primeiro grande projeto de energia eólica já implantado na Inglaterra e outros já se encontram em análise para aprovação.
Os projetos europeus de energia eólica são voltados tanto para reduzir as emissões de gases causadores de mudanças climáticas quanto para garantir a segurança energética dos países. Projetos desse tipo – ainda que até agora não em mar aberto – há muito são incentivados nos EUA, com isenções de tarifas, com regulamentação apropriada e apoio massivo apoio governamental à pesquisa e ao desenvolvimento (uma forma de subsídio não considerado nos tratados de livre comércio).
Nos EUA, que é uma república de verdade, onde estados e cidades tomam as suas decisões sem esperar pelo governo federal e sem as chatices de um Ministério Público o tempo todo nos calcanhares da administração, há muitos grandes projetos de energia eólica em andamento. A cidade de Nova York terá 25% de sua energia elétrica proveninete dessa fonte já em 2013.
O Brasil não tem tecnologia própria para a geração eólica de energia, avança a passos de cágado na sua adoção, e a sociedade acabará pagando o usual “pedágio” aos países sérios para usar o vento incidente em seu território e litoral. Parte desse atraso de deve, talvez, ao fato de que parques eólicos não dão dinheiro para empreiteiras. Mas o fato é que educação e tecnologia não recebem a necessária ênfase no país, que está longe de se constituir numa sociedade de conhecimento distanciando-se cada vez áté mesmo de países como China e Índia.
Aqui, vale lembrar um episódio curioso. Há alguns anos, propôs-se o uso de energia eólica em Fernando de Noronha, onde os ventos são abundantes. O suprimento de energia elétrica da ilha é feito, hoje, por uma usina térmica a óleo lá deixada pelas tropas norte-americanas em meados da década de 40 e “recondicionada” pela concessionária local. As emissões de gases causadores de mudanças climáticas são óbvias, mas o grave mesmo é o custo do transporte de óleo de continente à ilha, uma distância de 540 quilômetros. A empresa que tinha (ou tem) o contrato de transporte do óleo não gostou nada da proposta de implantar turbinas eólicas, espalhou que isso resultaria na morte de pássaros, alguns ambientalistas otários acreditaram na lorota ou ganharam um jabá, e a proposta caiu no esquecimento.
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Um belo projeto de energia eólico que seria implantado em Arraial do Cabo foi vetado pelas autoridades aeronáuticas sob a medíocre alegação de que seria um risco para o semi-paralisado aeroporto de Cabo Frio. O então secretário de estado de Meio Ambiente e hoje ministro Carlos MInc conseguiu negocia uma relocalização de algumas torres de turbinas de maneira a permitir que não interferissem no cone de aproximação das aeronaves. Os ventos da região de Cabo Frio e Arraial do Cabo são extremamente favoráveis a projetos de energia eólica. Espera-se, agora, que o “ambientalismo” ocorrido em Fernado de Noronha não leve o MP a atropelar o avanço das energias renováveis com base em apelos sem fundamentos de ONGs.

Fonte: Luiz Prado Blog.

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